#TBT CBM: Conheça as lembranças de Reinaldo Varela, rei do Dakar no Brasil

22/07/2021

 

Brasileiro que participou da prova de rali mais árdua do mundo em três continentes diferentes compartilha suas lembranças com a CBM nesta quinta-feira (22)

 

Foto: Lucas Miranda

 

Ele começou nos carros, mas foi com as famosas “gaiolas” que Reinaldo Varela, 62 anos, conquistou o tricampeonato mundial de rally cross country em 2019 e levou o Dakar em 2018. São mais de 36 títulos na modalidade, entre nacionais e internacionais, além das participações nas provas mais árduas e extensas de rali do planeta. Toda a experiência desse simplício paulista, nascido em Mirandópolis - a 90 quilômetros da Capital - o tornou um dos reis da poeira no Brasil, título que hoje se estende para toda a família, visto que Gustavo, Bruno e Rodrigo já seguem o ritmo do pai.

 

Apesar de dispensar apresentações, Varela sempre faz questão de contar sua história. Em 1982 ele deu início à carreira de piloto, mas a paixão pelo off-road veio antes. Ele começou a dirigir na fazenda da família, com veículos que não eram seus. Isso há, pelo menos, 40 anos. Mas cada escorregada no barro o levou para mais perto das competições oficiais. “Era um hobby, uma curiosidade que eu ia matando a cada corrida. Mas logo percebi o quanto aquilo era emocionante e desde cedo sabia que podia fazer parte da minha vida”, fala em conversa exclusiva com a Confederação Brasileira de Motociclismo (CBM).

 

Os Campeonatos Brasileiros de Rally Cross Country e Baja 2021 estão com suas provas a todo vapor e nelas Varela tem marcado presença, apesar de dividir seu tempo entre os treinos e a administração de sua rede de restaurantes, com mais de 180 franquias espalhadas pelo país. No RN 1500, realizado em quatro longas etapas, com largada e chegada em São Miguel do Gostoso (RN), o piloto e seu parceiro Gunnar Dums levaram a melhor na categoria Over 45 Pró, além da vice-colocação na Geral. A última disputada por ele até o fechamento desta matéria foi o Rally Cuesta, no qual correu sozinho e chegou entre o top 3 na Over Pró. Seu próximo desafio é o Sertões, competição na qual é consagrado duas vezes campeão geral, além de outros dez títulos.

 

Ficou curioso para saber mais? Acesse as lembranças de Reinaldo Varela no bate-papo a seguir. O piloto compartilhou com a CBM, nesta quinta-feira (22), lembranças marcantes de sua trajetória.

 

Nas primeiras fotos, Reinaldo Varela e Maykel Justo no Rali Dakar 2021.

 

Bate-Papo

 

CBM - Varela, por trás de todo capacete famoso tem uma grande história. Qual é a sua?

Varela - Eu sempre curti acelerar, lidar com carros. Então foi natural quando apareceu a chance de competir em ralis de regularidade. Eu comecei ainda nos anos 80. No início era apenas um esporte que eu curtia fazer quando não estava estudando ou trabalhando. Mas depois de alguns anos comecei a levar a sério e a ver isso como uma carreira. Hoje posso dizer que já competi em várias partes do mundo. O rali me proporcionou grandes momentos e inclusive é algo que une a minha família. Minha esposa e filhos são todos apaixonados pelo esporte, como eu.

 

CBM - Mas conta pra nós, como foi a transição dos carros para os UTV’s? Quando e porque se identificou? Quais as principais diferenças e porque escolheu ficar nas “gaiolas”?

Varela - Eu já tinha uma carreira longa com carros, incluindo títulos de campeão nacional e do Sertões, só para citar alguns. Mas resolvi experimentar um UTV em 2012, pela primeira vez. Os UTVs já eram uma novidade interessante. Me apaixonei logo de cara. Demorei um tempo ainda pra tomar a decisão, mas depois que mudei nunca mais quis sair dessa categoria. UTV é um veículo sensacional.

 

CBM - E quais os momentos mais marcantes para você com os UTV’s?

Varela - No Brasil certamente foram as participações no Sertões, que é a nossa principal corrida. Internacionalmente, foi a vitória no Dakar em 2018 e o tricampeonato mundial em 2019.

 

CBM - O Rali Dakar é a mais tradicional e mais longa prova da modalidade no mundo, e você participou de sete delas, conquistou a vitória em 2018, inclusive venceu a última etapa da edição 2021 ao lado de Maykel Justo. O que tem a nos dizer sobre o Dakar depois de tanta experiência?

Varela - O nível dos participantes do Dakar é sempre alto e o fato de essa prova durar tantos dias e ser tão exigente fazem dela um marco na sua vida. Largar é sensacional. Chegar ao final é uma façanha. Mas ser campeão é indescritível.

 

CBM - E ainda falando sobre o Dakar, você presenciou esta competição em três continentes diferentes. Me conta quais edições mais te marcaram, fora a edição da vitória, é claro.

Varela - Eu acho que a fase mais completa do Dakar foi quando era disputado na América do Sul. Aqui a diversidade de pisos era maior e as corridas também eram muito difíceis. Não que seja mais fácil correr na Arábia Saudita, como fazemos agora, mas o nosso continente oferecia condições que tornavam as provas mais interessantes. 

 

CBM - E 2018 foi um marco não só para você, mas para todo o Brasil. Um dos poucos brasileiros a conquistar uma vitória lá, ainda mais em cima de um UTV, veículo que ao contrário do que pode parecer, exige muito conhecimento técnico. O que tem de lembranças para nos contar deste ano?

Varela - Eu lembro que a cada dia a gente tinha um desafio enorme para vencer. Cada dia valia por um rally inteiro, pra falar a verdade. A gente sempre terminava exausto. E isso durou até o final. Então, quando eu e o Gustavo Gugelmin vencemos, foi inacreditável. Fomos competitivos todos os dias. A gente sempre compete pensando em vencer. Mas aquela vitória era mais um sonho do que qualquer coisa. E nós conseguimos. 

 

CBM - Um sonho que se tornou realidade, para todos nós. E saindo um pouco da rota da conversa, hoje você concilia o rali com sua empresa. Como é isso pra você?

Varela - Ser empresário e ser piloto de competição têm lá suas semelhanças. O rali me ensinou muita coisa sobre liderança, sobre objetivos, sobre determinação. Temos uma equipe profissional, que cuida do meu carro e dos carros dos meus três filhos, e nós a administramos de maneira parecida com o que fazemos na empresa: é preciso ter planejamento, preparação, objetivos e um time bem afinado. O sucesso vem dessas coisas.

 

CBM - Para finalizar, quais os planos para a temporada? Pretende colecionar muitas lembranças no rali ainda?

Varela - Meus planos são os mesmos de sempre, com a mesma filosofia que tive desde que comecei nos ralis: competir no melhor nível que eu puder e tentar bons resultados em cada dia de corrida. Aqui no Brasil nós temos grandes pilotos, navegadores e equipes. É sempre um grande desafio competir aqui. E esse é um estímulo que me leva a tentar ser sempre melhor na próxima corrida.

 

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